Por mais longe que pudesse estar da unanimidade, a
cinematografia de Luc Besson sempre foi marcada na exploração de uma linguagem
estética que por vezes enveredava pela estilização e barroquismo exagerados. O
lado temático, por sua vez, não era o aspecto prioritário em sua concepção de
cinema. “Além da liberdade” (2011) nada contra a corrente dentro dessa lógica. É
claro que há um cuidado formal em termos de direção de arte e fotografia, mas o
foco principal do filme é a trama baseada em fatos reais, que retrata os
percalços de uma líder política em meio a ditadura na Birmânia. A reconstituição
de detalhes dessa luta da protagonista tem a
clara função panfletária de divulgar a sua causa. Tal intenção é nobre, e é mérito
de Besson a condução de uma narrativa longa (mais de duas horas) que até
consegue prender a atenção do espectador. No saldo final, entretanto, “Além da
liberdade” é frustrante pela ausência de maiores vôos criativos do cineasta:
podemos simpatizar com os ideais de sua heroína, mas praticamente não há cenas
que se fixem no nosso imaginário.
Um comentário:
A filmografia de Besson é meio que irregular, mas quando acerta, o filme é imperdível.
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