terça-feira, outubro 02, 2012

Batman - O cavaleiro das trevas ressurge, de Christopher Nolan **1/2


A trilogia concebida por Christopher Nolan para Batman apresenta uma certa esquizofrenia em relação à abordagem de cada um dos filmes. “Batman Begins” (2006) era tão sóbrio e contido que beirava a assepsia. Já “Batman – O cavaleiro das trevas” (2008) era incrivelmente denso na construção psicológica de seus personagens e situações, mas também enveredava para um thriller de ação bastante movimentado. Não à toa, foi o melhor filme disparado da franquia de Nolan. A conclusão da saga em “Batman – O cavaleiro das trevas ressurge” (2012) é a negação dos filmes anteriores: é exagerado, desprovido de sutileza, com uma dramaticidade derramada que beira o brega, repleto de personagens mal caracterizados. É tão barulhento e frenético que chega até a hipnotizar o espectador no seu turbilhão constante de mil coisas acontecendo ao mesmo tempo. Se por um lado a platéia fica seduzida com o pandemônio de Nolan, logo após o final do filme corre o risco de sentir um certo vazio. Fica-se com a sensação de uma obra pensada e executada às pressas, muito distante das nuances narrativas bem delineadas da segunda parte. É claro que o furor sentimental do filme até tem uma certa conotação cativante. Mas irrita ver um protagonista como Batman tão estúpido e impulsivo (como é que lá pela metade do filme ele não percebeu que o seu interesse romântico era a verdadeira vilã da trama? Por que ele, enfraquecido e fora de forma, resolve procurar um Bane no auge do vigor físico para enfrentá-lo num corpo-a-corpo suicida?) e trucagens digitais derivativas em excesso. Diante desse quadro, um reboot para a franquia até não chega a ser uma má idéia...

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Discordo meu amigo, mas cada um tem a sua opnião. Não que eu ache o terceiro superior ou inferior ao anterior, mas ele fecha satisfatoriamente a visão que Nolan tinha com relação ao personagem, que fica no fundo do poço literalmente e se ergue das trevas para um bem maior. A cena que ele sobe daquele buraco foi tão fantástica, que algumas pessoas começaram a gritar a mesma coisa que os prisioneiros gritaram.