segunda-feira, outubro 01, 2012

Violeta vai para o céu, de Andrés Wood ***


Dentro do padrão habitual de cinebiografias, a produção chilena “Violeta vai para o céu” (2011) surpreende por fugir de algumas obviedades narrativas. A principal ousadia seria da mera recriação cronológica e linear dos fatos. O diretor Andrés Wood pega situações importantes da vida da célebre cantora e compositora Violeta Parra e os encadeia segundo uma lógica mais poética e simbólica do que histórica. A forma com que monta narrativa parece refletir o próprio caos criativo e sentimental que envolvia a sua protagonista. A montagem e a fotografia também obedecem a essa concepção formal e temática de Wood, sugerindo uma ótica mais sensorial e menos objetiva – é admirável, por exemplo, como os números musicais se relacionam com episódios do roteiro. Nesses termos, o filme acaba sendo revelador não só da intimidade da artista, mas também do seu particular processo de composição e mesmo performático, evocando uma sintonia cultural e existencial de Parra com a vida e a arte dos anônimos que habitam os grotões do Chile. Colabora também para o impacto de “Violeta vai para o céu” a atuação de entrega de Francisca Gavilán no papel principal.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Otimo filme que tive o prazer de assistir no cinebancários.