Em um primeiro momento, pode-se pensar que Ana Rieper
enveredou em “Vou rifar meu coração” (2011) pelos caminhos tradicionais dos
documentários musicais que de forma habitual vêm aparecendo nos cinemas.
Afinal, canções e músicos vinculados ao gênero brega aparecem como fios
condutores da narrativa. Na essência, entretanto, a produção dirigida por
Rieper busca um objetivo mais nebuloso e complexo, querendo traçar uma espécie
de itinerário existencial dos descaminhos amorosos do povo brasileiro. A
concepção da cineasta é descarnada tanto no seu formalismo quanto no campo temático:
no filme não há uma preocupação em detalhar a biografia dos cantores ou
ressaltar sua importância (nem mesmo são colocadas legendas para identificação
dos artistas), com depoimentos deles e populares simplesmente jogados na tela
sem maiores cerimônias, assim como Rieper não se constrange em expor as
entranhas sentimentais de seus entrevistados sem medo de resvalar no ridículo
ou ofensivo. Nessa linha, o espectador envereda em um roteiro que abarca
sexualidade a flor da pele, homossexualismo, bigamia, adultério, prostituição e
um pouco de sordidez, mas sempre deixando brecha para mostrar que no meio de
tudo isso há sempre espaço para o amor. Para Rieper, nada ilustra melhor essa
montanha russa de emoções (que variam entre o emotivo, o perturbador ou o ridículo)
do que as letras derramadas das canções de Odair José, Agnaldo Timóteo, Wando
ou outro dos bardos focados em “Vou rifar meu coração”.
Um comentário:
Não sei se rio ou choro, quando um dos entrevistados admite os erros que cometeu e que não deseja que outros façam o mesmo o ele fez. Vai nessa!
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