Legítima pérola obscura não só do cinema germânico como do
mundial, “Eu tinha 19 anos” (1968) propõe uma linguagem formal audaciosa para
refletir sobre a ressaca moral da Alemanha diante das consequências do final da
2ª Guerra Mundial. Apesar de ser uma obra ficcional de cunho fortemente dramático,
por vezes o filme evoca um estilo frio e distanciado, principalmente pela direção
de fotografia e pela edição que enveredam pela estética documental. O resultado
dessa forma de filmar acaba tendo um efeito contundente sobre o espectador – o diretor
Konrad Wolf não busca a empatia sentimental, realçando mais a sensação de incômodo
e vergonha de um povo diante de um passado recente marcado por atitudes
monstruosas e trágicas. Mesmo quando a produção envereda para a ação envolvendo
algumas poucas batalhas campais, o registro visual é reflexivo; a violência de
tiros e mortes não é banalizada, com cada disparo de fuzis ressoando um
impressionante impacto sensorial. E se a 2ª Guerra Mundial foi um dos fatos
históricos que mais serviu como pano de fundo para produções cinematográficas
dos últimos 80, “Eu tinha dezenove anos” se apresenta como avis rara diante de
um gênero tão marcado pelas obviedades.
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