terça-feira, outubro 09, 2012

Um verão escaldante, de Philippe Garrel **1/2


Os melhores momentos do cineasta francês Philippe Garrel ocorrem quando ele envereda para o cinema de gêneros a partir de seu estilo cerebral e retrô. O resultado configura obras instigantes e perturbadoras como o policial “Inocência selvagem” (2001) e o horror “A fronteira da alvorada” (2008). Quando Garrel enfoca exclusivamente o drama, como em “Os amantes constantes” (2001), entretanto, acaba não se saindo tão bem. E esse parece ser o caso de “Um verão escaldante” (2010). O cineasta consegue extrair uma interessante química em seus atores, assim como estabelece uma direção de elenco que se vale muito mais de um iconismo do que de profundidades psicológicas. A fotografia evoca uma certa atmosfera atemporal, pelos seus tons esmaecidos, provocando algum encanto estranho, ainda mais pela habitual abordagem emocional distanciada do diretor. O que pega mal para o filme é que esses bons elementos isolados não conseguem interagir de forma convincente devido à narrativa amorfa estabelecida por Garrel. É como se ele se perdesse numa viagem estética nostálgica e blasé da Nouvelle Vague – pode-se até sentir simpatia pelo estilo que lembra algo agradável no universo do nosso imaginário cinematográfico, mas sua inconsistência como obra acabada o joga no limbo do descartável.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

É, nem todos os cineastas autorais são imbatíveis.