quarta-feira, abril 09, 2014

A gaiola dourada, de Ruben Alves *1/2


É inegável que permeiam em “A gaiola dourada” (2012) várias questões prementes do mundo contemporâneos como o tratamento exploratório para imigrantes, o preconceito de classes e o individualismo exacerbado. O tratamento oferecido pelo diretor Ruben Alves para tais temas, entretanto, é destituído de vigor e criatividade, com o cineasta se conformando em formatar tudo como uma anódina comédia romântica e fazendo com que a produção apenas tangencie os pontos mais perturbadores que o seu conteúdo textual poderia oferecer. O roteiro tem claramente um certo caráter pessoal ao focar os percalços de uma família de portugueses radicados em Paris, mas Alves parece confundir o tom carinhoso com uma abordagem fofinha, engraçadinha e sentimentalóide, daquelas para não ofender niguém, com uma trama que se apóia em truques e viradas tão formulaicas que acabam retirando quaisquer traços mais contundentes de tensão. A própria direção de fotografia de “A gaiola dourada” é reflexo da equivocada concepção artística de seu diretor, em enquadramentos que emulam assépticos cartões postais de pontos turísticos de Paris e do interior de Portugal.

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