É inegável que permeiam em “A gaiola dourada” (2012) várias
questões prementes do mundo contemporâneos como o tratamento exploratório para
imigrantes, o preconceito de classes e o individualismo exacerbado. O
tratamento oferecido pelo diretor Ruben Alves para tais temas, entretanto, é
destituído de vigor e criatividade, com o cineasta se conformando em formatar
tudo como uma anódina comédia romântica e fazendo com que a produção apenas
tangencie os pontos mais perturbadores que o seu conteúdo textual poderia
oferecer. O roteiro tem claramente um certo caráter pessoal ao focar os
percalços de uma família de portugueses radicados em Paris, mas Alves parece
confundir o tom carinhoso com uma abordagem fofinha, engraçadinha e sentimentalóide,
daquelas para não ofender niguém, com uma trama que se apóia em truques e
viradas tão formulaicas que acabam retirando quaisquer traços mais contundentes
de tensão. A própria direção de fotografia de “A gaiola dourada” é reflexo da
equivocada concepção artística de seu diretor, em enquadramentos que emulam assépticos
cartões postais de pontos turísticos de Paris e do interior de Portugal.
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