É provável que a 2ª Guerra Mundial é o evento histórico mais
abordado no cinema nos últimos 60 anos. Muitas produções antológicas
relacionadas ao assunto foram realizadas, mas boa parte também de outras obras relacionadas
ao conflito pouco acrescentaram ao tema. A produção russa “Na neblina” (2012) é
um contundente exemplar do primeiro caso. Geralmente quando se aborda a
participação da União Soviética no conflito há a tendência de enfatizar a
resistência heróicas dos russos frente a tremenda força bélica nazista, mas no
caso do filme em questão do diretor Sergei Loznitsa a visão é bem mais sombria
e menos idealizada. A obra se foca em uma zona obscura, mostrando episódios de
colaboracionismo e a conseqüente vingança contra aqueles que ajudaram os
invasores alemães. Mas na abordagem formal e temática de Loznitsa não há espaço
para conotações épicas e patrióticas. As criaturas que vagam pela narrativa são
indivíduos que apenas procuram sobreviver de alguma maneira ou agem por
impulsos mesquinhos. A atmosfera desesperançada é reforçada por uma estética árida,
em que a ausência de trilha sonora, a fotografia esmaecida e as sutis variações
de longos planos sequências e fixos criam uma ambientação sufocante e
fatalista, configurando “Na neblina” como uma assustadora parábola moral sobre
a loucura e a crueldade da guerra.
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