segunda-feira, abril 14, 2014

Noé, de Darren Aronofsky ***


Confesso que não tenho grandes conhecimentos sobre teologia. Dessa forma, não posso avaliar “Noé” (2014) pela sua profundidade no campo da religião. Só consigo ter a impressão superficial que o filme de Darren Aronofsky não tem o perfil de converter neófitos para a religião em questão e nem a capacidade de abalar a fé dos crentes. Deus é retratado na produção mais como uma entidade vingativa e de razões inescrutáveis. Assim, o que dá para considerar realmente é se o filme é um espetáculo cinematográfico satisfatório, e nesse quesito até que Aronofsky dá conta do recado. Na realidade, o filme está mais para uma versão super-heróica da história de Noé do que para algum drama sério sobre catolicismo e afins. A trama é baseada numa HQ escrita pelo próprio Aronofsky e a concepção visual do filme, em alguns momentos, realmente remete a “comics” na escola da revista européia Metal Hurlant (impressão essa, aliás, que “A fonte da vida”, filme anterior de Aronofsky e que também se baseava nuns quadrinhos próprios do cineasta, já deixava bem forte). Quando a violência e os efeitos especiais tomam conta da encenação, o ritmo narrativo de “Noé” fica bem intenso, configurando os melhores momentos do filme. O que impede que a obra transcenda é um apego a excessos de convencionalismos formais e temáticos. Do jeito que ficou, “Noé” é uma produção de aventura respeitável, algo como a Bíblia adaptada segundo a ótica Marvel, mas ainda assim abaixo do melhor que Aronofsky já realizou (“A fonte da vida”, “O lutador”, “O cisne negro”).

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