sexta-feira, novembro 28, 2014

Boa sorte, de Carolina Jabor ***


A questão da loucura em “Boa sorte” (2014) não se limita à sua temática. A própria construção da narrativa da produção em questão apresenta uma espécie de esquizofrenia artística, como se houvesse dois filmes dentro de um só. Se por um lado o roteiro da obra, de autoria de Jorge Furtado baseado em conto próprio, apresenta aquela sua habitual verborragia, em que os diálogos dos personagens pecam pelo excesso de informações e auto-explicações, por outro a direção de Carolina Jabor busca algumas sutilezas formais por vezes ousadas e até líricas. Em alguns momentos, a narrativa atinge um discreto tom delirante, tanto em alguns planos-sequência e truques de edição que sugerem uma ambientação entre o fantasioso e o onírico quanto em algumas belas estilizações, principalmente na parte final, em que os desenhos da protagonista Judite (Deborah Secco) ganham vida, rendendo algumas poéticas cenas. É claro que o travo sentimental do roteiro incomoda, principalmente na forma clichê e um tanto moralista com que se resolve o destino de Judite, mas as boas soluções formais de Jabor fazem de “Boa sorte” uma obra memorável.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Tentar ver nesse final de semana.