Quando lançou “Drácula de Bram Stoker” (1992), Francis Ford
Coppola buscou uma nova perspectiva para o mitológico personagem do horror,
enfatizando um certo caráter romântico e trágico para a criatura. Na criativa
revisão que empreendeu, entretanto, não esqueceu de algo fundamental para que
Drácula permanecesse relevante: ele continuava a ser um vilão assustador e a
estrutura narrativa era de um legítimo conto de horror. E é justamente nesse
ponto que reside o grande equívoco de “Drácula – A história nunca contada”
(2014). A produção dirigida por Gary Shore parece ser um amálgama mal ajambrado
de algumas tendências recorrentes no cinema de fantasia contemporâneo: o revisionismo
pseudo-histórico e realista de personagens clássicos da cultura ocidental, violência
gráfica asséptica, readequação moral de lendas e mitos sob uma perspectiva
politicamente correta. Nessa formatação, Drácula passa a ser uma espécie de
super-herói atormentado e romântico e sua trajetória está mais para uma aguada
aventura épica do que para uma narrativa gótica e sombria. Por mais que haja
uma profusão de mortes brutais e caninos sangrentos, em nenhum momento da trama
há uma efetiva tensão dramática ou uma sensação de medo – o Drácula da produção
em questão é basicamente um “cara de família” cheio de boas intenções. Que
saudades do Christopher Lee seduzindo e mordendo mocinha incautas...
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