quarta-feira, novembro 12, 2014

Drácula - A história nunca contada, de Gary Shore *1/2


Quando lançou “Drácula de Bram Stoker” (1992), Francis Ford Coppola buscou uma nova perspectiva para o mitológico personagem do horror, enfatizando um certo caráter romântico e trágico para a criatura. Na criativa revisão que empreendeu, entretanto, não esqueceu de algo fundamental para que Drácula permanecesse relevante: ele continuava a ser um vilão assustador e a estrutura narrativa era de um legítimo conto de horror. E é justamente nesse ponto que reside o grande equívoco de “Drácula – A história nunca contada” (2014). A produção dirigida por Gary Shore parece ser um amálgama mal ajambrado de algumas tendências recorrentes no cinema  de fantasia contemporâneo: o revisionismo pseudo-histórico e realista de personagens clássicos da cultura ocidental, violência gráfica asséptica, readequação moral de lendas e mitos sob uma perspectiva politicamente correta. Nessa formatação, Drácula passa a ser uma espécie de super-herói atormentado e romântico e sua trajetória está mais para uma aguada aventura épica do que para uma narrativa gótica e sombria. Por mais que haja uma profusão de mortes brutais e caninos sangrentos, em nenhum momento da trama há uma efetiva tensão dramática ou uma sensação de medo – o Drácula da produção em questão é basicamente um “cara de família” cheio de boas intenções. Que saudades do Christopher Lee seduzindo e mordendo mocinha incautas...

Nenhum comentário: