Confesso que nos últimos meses eu tinha voltado a dar crédito
para o cinema argentino. Obras vigorosas como “Viola” (2012), “Algumas garotas”
(2013) e “Relatos selvagens” (2014) mostravam parte de um panorama cinematográfico
disposto a fugir de um padrão asséptico que havia se tornado dominante nas
produções dos hermanos. Dentro dessa linha de pensamento, assistir a “Sétimo”
(2013) acaba sendo uma decepção. O filme não chega a ser exatamente ruim – por vezes,
consegue até ser divertido no seu subtexto ostensivamente misógino. Talvez por
isso o filme pedisse uma abordagem mais irônica e alucinada, algo como aquelas
comédias dementes do cineasta espanhol Alex De La Iglesia (“Mortos de riso”, “Crime
ferpeito”). Do jeito que ficou, algo no gênero “suspense psicológico” de estética
derivativa, a obra do diretor Patxi Amezcua chafurda em clichês narrativos e
numa encenação amorfa, abusando de um formalismo bastante burocrático e de um
elenco baseado em interpretações que oscilam entre o “piloto automático” e o
francamente canastrão. Para alguns espectadores é provável que “Sétimo” se
mostre “diferente” e tenha alguma seriedade artística por ser falado em
espanhol e ter Ricardo Darin batendo ponto nos créditos. Mas convenhamos: se
fosse falado em inglês, o filme passaria batido como a mais rasteira produção
norte-americana (tipo aquelas que passam nos telecines da vida). E o seu plano
final, uma grande tomada aérea noturna de Buenos Aires tipo cartão postal para
turista, talvez sintomático da absoluta falta do que dizer e mostrar em “Sétimo”.
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