sexta-feira, novembro 07, 2014

Sétimo, de Patxi Amezcua *1/2


Confesso que nos últimos meses eu tinha voltado a dar crédito para o cinema argentino. Obras vigorosas como “Viola” (2012), “Algumas garotas” (2013) e “Relatos selvagens” (2014) mostravam parte de um panorama cinematográfico disposto a fugir de um padrão asséptico que havia se tornado dominante nas produções dos hermanos. Dentro dessa linha de pensamento, assistir a “Sétimo” (2013) acaba sendo uma decepção. O filme não chega a ser exatamente ruim – por vezes, consegue até ser divertido no seu subtexto ostensivamente misógino. Talvez por isso o filme pedisse uma abordagem mais irônica e alucinada, algo como aquelas comédias dementes do cineasta espanhol Alex De La Iglesia (“Mortos de riso”, “Crime ferpeito”). Do jeito que ficou, algo no gênero “suspense psicológico” de estética derivativa, a obra do diretor Patxi Amezcua chafurda em clichês narrativos e numa encenação amorfa, abusando de um formalismo bastante burocrático e de um elenco baseado em interpretações que oscilam entre o “piloto automático” e o francamente canastrão. Para alguns espectadores é provável que “Sétimo” se mostre “diferente” e tenha alguma seriedade artística por ser falado em espanhol e ter Ricardo Darin batendo ponto nos créditos. Mas convenhamos: se fosse falado em inglês, o filme passaria batido como a mais rasteira produção norte-americana (tipo aquelas que passam nos telecines da vida). E o seu plano final, uma grande tomada aérea noturna de Buenos Aires tipo cartão postal para turista, talvez sintomático da absoluta falta do que dizer e mostrar em “Sétimo”.

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