Pode-se acusar “Debi & Lóide 2” (2014) de todos os
adjetivos que se costumar atribuir a obras de continuação de sucessos
comerciais: oportunista, apelativo, variação derivativa do original e afins. Mesmo
assim, é uma comédia daquelas que vem se tornando cada vez mais raras nos
cinemas nesses tempos de politicamente correto, na sua combinação bem azeitada
de escatologia, mau gosto e humor beirando o delirante. Assim como no primeiro
filme, a lógica aqui não está em tentar encontrar sentido no fio de história do
roteiro ou em sutilezas de subtexto. O forte dos irmãos Farrelly e da dupla Jim
Carrey e Jeff Daniels está na encenação alucinada de seqüências de puro
nonsense em que não se economiza no exagero de humor físico pastelão e na infâmia
de piadas que vão das brincadeiras com fluidos corporais diversos até tirações
de sarro com deficientes. É claro que tal estética do riso por vezes cheira a
mofo e decadência, mas talvez um dos segredos do estranho encanto dessa produção
esteja num certo caráter nostálgico de um tipo de produção que está à beira da
extinção.
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