A direção de fotografia de “Ida” (2013) é tão boa que dá
vontade de fazer um álbum de fotos com alguns dos enquadramentos do filme,
realmente notáveis em termos de composição cênica, iluminação e textura do
preto-e-branco. Esse apuro estético nas tomadas, entretanto, não encontra
equivalência no ritmo narrativo e no roteiro da produção. As concepções artísticas
do diretor Pawel Pawlikowski sofrem de uma assepsia formal e falta de imaginação
que acabam beirando o enfadonho. É provável que a intenção do cineasta fosse de
que a frieza de sua abordagem, aliada a uma atmosfera de distanciamento
emocional, buscasse uma sobriedade necessária para que a obra não caísse em
excessos melodramáticos. Todo esse rigor, todavia, acaba se revelando
equivocado, pois “Ida” é um filme condicionado a uma fórmula narrativa previsível
e desgastada. O encadeamento da trama obedece a mecanismos convencionais, em
que poucas vezes se pode perceber alguma vida criativa. Por mais que se
pretenda como uma visão adulta sobre fatos complexos derivados da 2ª Guerra,
obedece a uma lógica moralista e maniqueísta. O que dizer, por exemplo, da
solução de que a personagem que bebe, fuma e trepa adoidada durante o filme na
realidade faz tudo isso porque tem o trauma de um filho assassinado na infância
e cuja saída final é o suicídio? Ok, essa pretensão de seriedade e superficial
bom gosto até pode render alguns frutos momentâneos (tipo indicação a Oscar ou
a algum outro prêmio), mas, do jeito que ficou, dificilmente vai ser considerado
uma efetiva experiência cinematográfica memorável e estimulante.
Um comentário:
Ainda preciso ver
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