terça-feira, janeiro 13, 2015

Vizinhos, de Nicholas Stoller ***


O diretor Nicholas Stoller é um nome que merece que se preste atenção no atual panorama das comédias. Em sua cinematografia, pode-se perceber um discreto toque autoral, ainda que dentro de uma formatação tradicional do estilo cômico norte-americano contemporâneo. Há os habituais truques do gênero: pastelão, exageros, escatologias. Existe também, entretanto, um sutil subtexto no questionamento de como as coisas funcionam em termos intimistas e culturais na sociedade dos Estados Unidos (e, por tabela, de boa parte da sociedade ocidental). Todos esses preceitos se cristalizam com clareza em “Vizinhos” (2014). A trama é básica no seu conflito – um casal de classe média na faixa dos 30 anos e com uma filha recém-nascida entra em fortes atritos com uma fraternidade de universitários que se mudou para a casa ao lado, o que deflagra situações que variam entre o sórdido e o francamente nojento, a maioria delas bem divertida. Ao mesmo tempo, algumas nuances do roteiro revelam uma visão ácida e sarcástica sobre questões prementes da sociedade moderna como a hipocrisia social, a pretensa maturidade dos “jovens adultos” e a pressão sobre a juventude da necessidade de ser bem sucedido economicamente. É claro que as resoluções estéticas e temáticas de Stoller não são tão radicais, afinal se trata de uma produção “made in Hollywood”. Ainda assim, “Vizinhos” se mostra um trabalho muito mais afiado em termos de crítica social do que muito filme dito “sério” ou “profundo”.

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