Em “Ventos de agosto” (2014), seu primeiro longa-metragem de
ficção, o diretor Gabriel Mascaro conserva algumas influências do gênero onde
se projetou inicialmente, o documentário. Isso porque sua abordagem traz uma
certa secura na encenação, um naturalismo na forma com que filma situações e
personagens. É curioso, entretanto, que em tal concepção cinematográfica há
espaço para uma espécie de poético realismo mágico. Sem recorrer a trucagens e
se valendo de um registro visual repleto de nuances imagéticas nos seus sutis
movimentos de câmeras e enquadramentos de caráter pictórico e de uma narrativa
rarefeita, a obra de Mascaro parece se desenvolver num tom entre o aleatório e
o casual. Seus personagens se relacionam por tênues ligações ou simplesmente não
se cruzam. Aos poucos, entretanto, a narrativa vai adquirindo uma estranha coerência
estética e temática, em que os cenários e indivíduos que aparecem na tela dão a
impressão de estarem situados em um universo paralelo. A jovem catadora de
cocos que adora punk rock, seu amante obcecado por um cadáver sem identificação,
o “caçador” de ventos, uma senhora de aparência centenária que ter uma aura de
fóssil vivo, todos eles compõem uma fauna bizarra, que tanto dá a ideia de
proximidade quanto parece se situar num mundo fora do tempo e do espaço.
Um comentário:
Assisti esses tempos na Casa de cultura Mario quintana. Vale muito a pena.
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