sexta-feira, janeiro 02, 2015

Libertem Angela Davis, de Shola Lynch **


É inegável que para todos aqueles que se interessam por história e cultura assistir a “Libertem Angela Davis” (2011) acabe se tornando um programa obrigatório. A importância da temática retratada, tanto pela trajetória pessoal da figura biografada quanto pelo conturbado e complexo período histórico retratado (o começo dos anos 70 nos Estados Unidos), faz com que a produção tenha um grau de empatia muito forte. Há uma profusão de imagens de arquivo bastante relevantes, além de depoimentos reveladores de figuras emblemáticas dos fatos retratados em questão. Como narrativa cinematográfica, entretanto, o documentário dirigido por Shola Lynch deixa bastante a desejar. A cineasta se limita a conceber uma burocrática combinação de trechos de imagens de época com entrevistas no tempo presente – faltam criatividade e dinâmica que ofereçam alguma tensão dramática efetiva para o espectador. O esmiuçamento de detalhes da fuga de Angela Davis e de seu julgamento por atos terroristas pode ser valioso segundo critérios de estudiosos de História, mas também torna a narrativa enfadonha e pouco atrativa para o espectador em geral. Lynch não parece afetada pelo espírito ousado da contracultura, típica da época que procurou retratar. Do jeito previsível e cansativo que ficou, “Libertem Angela Davis” mais parece um vídeo institucional a ser exibido em escolas e emissoras televisivas públicas.

Nenhum comentário: