É inegável que para todos aqueles que se interessam por história
e cultura assistir a “Libertem Angela Davis” (2011) acabe se tornando um
programa obrigatório. A importância da temática retratada, tanto pela
trajetória pessoal da figura biografada quanto pelo conturbado e complexo período
histórico retratado (o começo dos anos 70 nos Estados Unidos), faz com que a
produção tenha um grau de empatia muito forte. Há uma profusão de imagens de
arquivo bastante relevantes, além de depoimentos reveladores de figuras emblemáticas
dos fatos retratados em questão. Como narrativa cinematográfica, entretanto, o
documentário dirigido por Shola Lynch deixa bastante a desejar. A cineasta se
limita a conceber uma burocrática combinação de trechos de imagens de época com
entrevistas no tempo presente – faltam criatividade e dinâmica que ofereçam
alguma tensão dramática efetiva para o espectador. O esmiuçamento de detalhes
da fuga de Angela Davis e de seu julgamento por atos terroristas pode ser
valioso segundo critérios de estudiosos de História, mas também torna a
narrativa enfadonha e pouco atrativa para o espectador em geral. Lynch não
parece afetada pelo espírito ousado da contracultura, típica da época que
procurou retratar. Do jeito previsível e cansativo que ficou, “Libertem Angela Davis”
mais parece um vídeo institucional a ser exibido em escolas e emissoras
televisivas públicas.
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