quarta-feira, março 11, 2015

Kingsman - Serviço secreto", de Matthew Vaughan **1/2


A equação parecia quase infalível: o diretor Matthew Vaughan adaptando para as telas uma minissérie em quadrinhos de Mark Millar. Ou seja, a mesma dupla do sensacional “Kick Ass – Quebrando tudo” (2010). O resultado final de “Kingsman – Serviço secreto” (2015), entretanto, acabando ficando aquém das expectativas promissoras. A obra em vários momentos deixa claro, de forma nada sutil, que tem a pretensão de ser uma releitura entre a homenagem e a ironia das primeiras produções da franquia 007, aquelas de caráter mais escapista e menos séria, ficando em contraposição em relação aos filmes recentes da série, os quais apresentam um James Bond, na pele de Daniel Craig, mais dramático e taciturno. Ocorre que o estilo impresso por Vaughan na narrativa não consegue dar uma fluência para tal abordagem. Ao contrário de “Kick ass”, por exemplo, o filme utiliza expedientes formais típicos de genéricas produções contemporâneas de ação, o que acaba dando a várias seqüências uma incômoda sensação de grandiosidade solene que não combina com o perverso senso de humor do roteiro. Além disso, as cenas de ação deixam bastante a desejar se comparadas com aquelas dos filmes anteriores de Vaughan como “Kick ass” e “X-Men: Primeira classe” (2011), claro que com a honrosa exceção do trecho em que Galahad (Colin Firth) dizima sozinho na porrada uma congregação inteira de evangélicos. E nesse quesito de aspectos positivos, não há como não mencionar que o roteiro de “Kingsman” apresenta alguns pontos interessantes na forma ácida e crítica com que expõe alguns dilemas característicos da atualidade, principalmente no que diz respeito ao conflito de classes sociais. Mas isso acaba obscurecido pela estética genérica adotada por Vaughan e as resoluções simplistas da trama. E se a intenção era tirar um sarro com as aventuras mais recentes de James Bond, vale lembrar que filmes como “Cassino Royale” (2006) e “Skyfall” (2012) são bem mais memoráveis que “Kingsman”.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Só a cena dentro da igreja já vale todo o filme.