A equação parecia quase infalível: o diretor Matthew Vaughan
adaptando para as telas uma minissérie em quadrinhos de Mark Millar. Ou seja, a
mesma dupla do sensacional “Kick Ass – Quebrando tudo” (2010). O resultado
final de “Kingsman – Serviço secreto” (2015), entretanto, acabando ficando aquém
das expectativas promissoras. A obra em vários momentos deixa claro, de forma
nada sutil, que tem a pretensão de ser uma releitura entre a homenagem e a
ironia das primeiras produções da franquia 007, aquelas de caráter mais
escapista e menos séria, ficando em contraposição em relação aos filmes
recentes da série, os quais apresentam um James Bond, na pele de Daniel Craig,
mais dramático e taciturno. Ocorre que o estilo impresso por Vaughan na
narrativa não consegue dar uma fluência para tal abordagem. Ao contrário de “Kick
ass”, por exemplo, o filme utiliza expedientes formais típicos de genéricas
produções contemporâneas de ação, o que acaba dando a várias seqüências uma incômoda
sensação de grandiosidade solene que não combina com o perverso senso de humor
do roteiro. Além disso, as cenas de ação deixam bastante a desejar se
comparadas com aquelas dos filmes anteriores de Vaughan como “Kick ass” e “X-Men:
Primeira classe” (2011), claro que com a honrosa exceção do trecho em que
Galahad (Colin Firth) dizima sozinho na porrada uma congregação inteira de
evangélicos. E nesse quesito de aspectos positivos, não há como não mencionar
que o roteiro de “Kingsman” apresenta alguns pontos interessantes na forma
ácida e crítica com que expõe alguns dilemas característicos da atualidade,
principalmente no que diz respeito ao conflito de classes sociais. Mas isso
acaba obscurecido pela estética genérica adotada por Vaughan e as resoluções
simplistas da trama. E se a intenção era tirar um sarro com as aventuras mais
recentes de James Bond, vale lembrar que filmes como “Cassino Royale” (2006) e “Skyfall”
(2012) são bem mais memoráveis que “Kingsman”.
Um comentário:
Só a cena dentro da igreja já vale todo o filme.
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