quinta-feira, dezembro 24, 2009

Faster, Pussycat! Kill! Kill!, de Russ Meyer ****


Um dos maiores equívocos de avaliação cinematográfica que já vi é a constante classificação de “Faster, Pussycat! Kill! Kill!” (1966) como exemplar do cinema trash. O mencionado gênero é marcado por obras toscas em termos de linguagem, ainda que involuntárias. Esse, definitivamente, não é o caso de “Faster...”. No filme, Russ Meyer demonstra um apurado domínio da ação cinematográfica. As seqüências envolvendo corridas e perseguições automobilísticas revelam um eficaz trabalho de edição, enquanto que os momentos de suspense e violência mostram tensão dramática admirável. Meyer constrói uma fascinante atmosfera de sordidez e devassidão – as fronteiras maniqueístas entre o bem e o mal não são delimitadas de forma clara, o que explica como uma personagem tão amoral quanto Varla (Tura Satana) emana uma aura de empatia perversa.

Mesmo nos dias atuais, a estética suja e a ambigüidade moral fazem de “Faster, Pussycat! Kill, Kill!” uma obra transgressora, não fazendo com que a produção possa ser caracterizada como simples curiosidade histórica. Não á toa, Quentin Tarantino freqüentemente declara o seu amor pelo filme e a vontade de fazer um remake para o mesmo. Quem já viu “À Prova de Morte” (2007), herdeira espiritual direta de “Faster...”, pode entender essa admiração e até desejar essa possível refimagem.

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