The Firstborn is Dead (1985), segundo disco de Nick Cave e seus Bad Seeds, é uma obra eminentemente marcada pelo blues. Não vá pensando, entretanto, caro leitor que se trata de algo na linha do blues branco quadradão estilo Steve Ray Vaughan. O caminho do cavernoso australiano e dos seus cúmplices é bem diferente. O que se houve, na verdade, é aquele blues de origens rurais, que quase se confunde com o country, transpassado pela herança corrosiva típica do pós-punk. Muito mais que emular os velhos riffs e acordes do gênero, Nick Cave e os Bad Seeds resgatam também um aspecto essencial do blues: uma ambiência soturna e nebulosa, característica de um ritmo que originalmente foi forjado a partir do sofrimento e da violência.
Para conceber Firstborn is Dead, Cave contou com uma reduzida e inspirada formação dos Bad Seeds, em que Blixa Bargeld ficou responsável pelas principais guitarras e Mick Harvey (parceiro de Cave também no Birthday Party) e Barry Adamson (naquela época, egresso do Magazine) se revezaram nos demais instrumentos, além da bela produção de Flood, que sabiamente enfocou a musicalidade da banda numa sonoridade mais esparsa e sutil. O resultado são canções que ora fluem em levadas rítmicas vigorosas (Tupelo e Train Long-Suffering), ora se insinuam em blues lentos e tenebrosos (Knockin’ Joe, Blind Lemon Jefferson e The Six Strings That Drew Blood). Há também uma versão para Wanted Man de Bob Dylan que na verdade é mais uma recriação radical, em que Cave toma a canção para si.
Posteriormente, o blues voltou aparecer em outros álbuns de Nick Cave, com resultado brilhante na maioria das vezes. Tais abordagens, todavia, foram mais tradicionais, não atingindo o mesmo grau de estranheza da desconstrução perversa do gênero obtido por The Firstborn is Dead.
Para conceber Firstborn is Dead, Cave contou com uma reduzida e inspirada formação dos Bad Seeds, em que Blixa Bargeld ficou responsável pelas principais guitarras e Mick Harvey (parceiro de Cave também no Birthday Party) e Barry Adamson (naquela época, egresso do Magazine) se revezaram nos demais instrumentos, além da bela produção de Flood, que sabiamente enfocou a musicalidade da banda numa sonoridade mais esparsa e sutil. O resultado são canções que ora fluem em levadas rítmicas vigorosas (Tupelo e Train Long-Suffering), ora se insinuam em blues lentos e tenebrosos (Knockin’ Joe, Blind Lemon Jefferson e The Six Strings That Drew Blood). Há também uma versão para Wanted Man de Bob Dylan que na verdade é mais uma recriação radical, em que Cave toma a canção para si.
Posteriormente, o blues voltou aparecer em outros álbuns de Nick Cave, com resultado brilhante na maioria das vezes. Tais abordagens, todavia, foram mais tradicionais, não atingindo o mesmo grau de estranheza da desconstrução perversa do gênero obtido por The Firstborn is Dead.
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