sexta-feira, dezembro 04, 2009

Haus der Luege - Einstürzende Neubauten


Se como membro dos Bad Seeds o guitarrista Blixa Bargeld se dedicou a reinvenção do blues, do country e outros gêneros tradicionalistas, na sua banda de origem, Einstürzende Neubauten, a sua missão era bem diferente...

O Einstürzende Neubauten talvez é o principal nome do Industrial, gênero do rock que dispensa a formação básica guitarra-baixo-bateria e se apropria de barulhos ambientais ou originários de objetos do quotidiano como matéria prima da sua música. Os seus dois primeiros discos, os radicais Kollaps (1981) e Drawings of Patient O.T. (1983), consistem quase que basicamente na voz e guitarra maníacas de Blixa Bargeld auxiliadas pela percussão em materiais metálicos dos demais membros da banda. O resultado é uma barulheira estranhamente harmônica e fascinante. Com Halber Mensch (1985) e Five on the Open-Ended Richter-Scale (1987), a música da banda busca uma aproximação maior com sonoridades mais melódicas, utilizando-se inclusive de instrumentos ortodoxos, como sintetizadores. Isso não implica, entretanto, em uma aproximação com uma música mais convencional, sendo que na verdade tais mudanças acentuam ainda mais a singularidade do trabalho desses alemães esquisitos.

Essas mudanças na concepção sonora que se insinuam nos discos mencionados acabam se cristalizando de forma plena em Haus der Luege (1989), a grande obra-prima do Einstürzende Neubauten. A abertura com Prolog até remete aos primeiros trabalhos dos caras, com a voz carregada de Bargeld se alternando com uma zoeira quase inaudível, mas em Feurio! e Haus der Luege a característica percussão metálica industrial da banda se casa de forma plena e magnífica com sintetizadores e seqüenciadores em paisagens sonoras de tons épicos e apocalípticos. Ein Stuhl in Der Hoelle é quase uma balada que remete a cantigas de tons folclóricos. Em Fiat Lux, temos um tema que se divide em três canções fortemente climáticas, permeadas por sons sampleados das ruas, inclusive manifestações de protestos, e um instrumental que lembra bastante os trabalhos mais experimentais de Brian Eno. Schwindel é uma improvável aproximação do industrial com o reggae, enquanto Der Kuss, belíssimo tema lento marcado por sintetizadores emocionantes e preciosas intervenções da guitarra de Bargeld, encerra de maneira extraordinária esse clássico bizarro do rock (e que milagrosamente foi lançado na época no Brasil pela gravadora Stiletto!!).

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