“W.” (2008) se relaciona com outras produções da filmografia de Oliver Stone que enfatizam a visão crítica do diretor sobre episódios e períodos importantes na história dos Estados Unidos. Em algumas dessas obras, o cineasta foi muito bem sucedido, principalmente em “Platoon” (1986), “Nascido em 4 de Julho” e “JFK” (1991), esse último uma verdadeira lição de montagem cinematográfica. “W.”, cinebiografia do famigerado George W. Bush, não atinge o mesmo nível de qualidade dos filmes mencionados. Tem-se a impressão de uma obra feita às pressas, para aproveitar justamente o período de eleições presidenciais em 2008. Assim, a narrativa se apresenta frouxa em alguns momentos. Stone parece não ter se decidido pelo tipo de abordagem sobre a vida de Bush: o tom de farsa predomina em várias seqüências, mas em outras tantas o que se tem é pura recriação dramática. Além disso, o roteiro falha ao simplificar várias nuances sobre relevantes questões políticas, o que, por ironia, deixa a trama confusa. Mesmo o elenco do filme, muito promissor na sua escalação, acaba ficando abaixo do esperado, tendo em vista que as caracterizações mais simulam mimetizações de figuras reais do que oferecem alguma consistência aos personagens. Mesmo com todos esses problemas, entretanto, “W.” está muito distante de ser um mau filme. Stone tem experiência de sobra para saber conduzir uma trama, conseguindo prender o interesse do espectador, apesar dos tropeços aludidos. A sensação de decepção só aparece porque se sabe que “W.” poderia ser bem melhor.
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