quarta-feira, outubro 27, 2010

Baaria - A Porta do Vento, de Giuseppe Tornatore ***


O diretor Giuseppe Tornatore talvez tenha sido o principal responsável pela formatação de um tipo de produção que se tornou característica no cinema italiano a partir da década de 80: a de melodramas sentimentais e nostálgicos marcados por um convencionalismo formal, capazes de atrair platéias de todos os tipos. Mesmo não trazendo grandes arroubos de criatividade, tais filmes traziam uma direção segura por parte de Tornatore e com tramas que geravam forte empatia com o público. Nessa linha de obras, destacaram-se “Cinema Paradiso” (1988) e “Estamos Todos Bem” (1990). “Baaria – A Porta do Vento” (2009) representa uma vontade por parte do cineasta em buscar voos mais altos. Sua meia hora inicial beira o delirante ao buscar elementos do gênero fantástico e trazer uma gama de referências cinematográficas diversas, como o gosto de Pasolini por enquadramentos que remetem a grandes afrescos e as atmosferas exageradas e grotescas de Fellini. Com o desenrolar da trama, entretanto, “Baaria” se enquadra como uma crônica memorialista, em que fatos da vida do protagonista Peppino (Francesco Scianna) se misturam com eventos importantes da História italiana do século XX, perdendo bastante do frescor estético do seu começo. Ainda que dentro dessa linha de previsibilidade e frustrando as boas expectativas do seu início promissor, mantém o interesse pela competência de Tornatore como bom “contador de histórias”.

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