Os Beatles, a banda de rock mais conhecida mundialmente de todos os tempos, possuem uma mitologia própria que está incorporada no imaginário coletivo. A ascensão vertiginosa, a evolução musical disco a disco, os conflitos criativos, as fofocas pessoais, a lamentada e amplamente discutida separação da banda. Tudo isso já foi matéria de inúmeras biografias, especiais e discussões de bar. E é claro que para quem, ao lado do Monty Python, já espinafrou de forma hilária e impiedosa a lenda do Rei Arthur e sagradas passagens bíblicas não seria problema avacalhar a trajetória dos quatro rapazes de Liverpool. Pois é o que Eric Idle, ao lado de Gary Weis, faz no hilariante mockumentary (falso documentário) “The Rutles: All you need is cash” (1978). Os Rutles são uma versão mal-disfarçada dos “Besouros” e protagonizam várias situações cômicas e ridículas que são claras alusões ao universo beatle. A paródia no filme, entretanto, está muito distante do besteirol grosseiro e descerebrado. Idle e Weis demonstram invulgar erudição pop e sutileza irônica. A sequência em que o repórter (o próprio Idle) que narra a trajetória dos Rutles resolve investigar as raízes musicais da banda na região do Mississipi, berço do blues, beira o surreal ao mostrar um veterano bluesman que diz que começou a tocar porque descobriu os Rutles ou quando se entrevista outro blueseiro que afirma ter sido roubado musicalmente pela banda, mas logo é desmentido pela esposa que fala que ele disse o mesmo sobre Frank Sinatra!! A força cômica do filme está justamente nessas tiradas inesperadas, e que no fundo revelam uma certa reverência dos diretores à excelência musical dos Beatles. Aliás, as canções dos Rutles são excelentes pastiches de canções emblemáticas da banda parodiada, o que acentua ainda mais as gozações do filme. No final das contas, a sátira é realizada de uma forma tão extraordinária que se torna até mesmo uma bela homenagem aos Beatles. Não à toa, até George Harrison aparece numa participação especial!!
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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