sexta-feira, outubro 29, 2010

Wall Street - O Dinheiro Nunca Dorme, de Oliver Stone ***


Nenhum apreciador de cinema pode negar os méritos de Oliver Stone como realizador cinematográfico. Poucos cineastas têm em seus currículos uma quantidade considerável de obras extraordinárias como “Salvador – O Martírio de Um Povo” (1986), “Platoon” (1986), “Talk Radio” (1988), “JFK” (1991), Assassinos Por Natureza” (1994), “Revanche” (1997) e “Um Domingo Qualquer” (1999). Em sua produção mais recente, “Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme” (continuação do original de 1987), reafirma seu talento em sequências de virtuosismo formal notável: tomadas aéreas impressionantes, utilização criativa de trucagens relacionadas a tecnologia contemporânea (celulares, computadores), direção de fotografia que enfatiza a grandiosidade épica e fria de cenários urbanos, sensibilidade na seleção de canções de Brian Eno e David Byrne para cenas cruciais do filme. O grande problema da segunda parte de “Wall Street” é que sua narrativa é quebrada de forma seguida quando Stone se lembra de fazer sociologia ao realizar um retrato quase didático dos malefícios do mercando financeiro de especulações, além de perder tempo em dramas e conflitos pueris de alguns personagens (principalmente no casal de protagonistas vivido por Shia LaBeouf e Carey Mulligan). Michael Douglas retorna ao seu clássico personagem Gordon Gekko com carisma, mas pouco de novo acrescenta ao mesmo.

No final das contas, “Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme” consegue manter uma coerência temática na carreira de Stone no seu objetivo de fazer uma espécie de inventário pessoal sobre a história política e social dos Estados Unidos, frustrando, contudo, pela sua abordagem superficial e maniqueísta de questões complexas.

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