quarta-feira, outubro 13, 2010

Máscara da Traição, de Roberto Pires ***1/2


Esta produção de 1969 dirigida por Roberto Pires representa um tipo de realização que é cada vez mais raro na cinematografia nacional: um filme no gênero policial. O interesse em “Máscara da Traição”, entretanto, não se resume à mera curiosidade, pois se trata de uma obra muito bem delineada em termos formais. Pires incorpora algumas influências estéticas típicas da época, mas com personalidade, indo de uma abordagem emocional distante típica do cineasta francês Jean Pierre-Melville, passando por referências visuais do suspense italiano (a utilização das máscaras lembra muito o “Danger: Diabolik” de Mario Bava) e chegando nos elementos narrativos característicos de clássicos norte-americanos de tramas que esmiúçam roubos ousados (“O Grande Golpe”, “O Segredo das Jóias”, “Rififi”). “Máscara da Traição” processa toda essa gama de influências sob uma ambiência bem brasileira. O detalhe, por exemplo, de usar o Maracanã lotado como cenário de um assalto é uma ideia que é explorada com louvor por Roberto Pires. Além disso, o diretor utiliza trucagens simples, com alguns aparentes “efeitos especiais” se tratando na realidade de uma engenhosa manipulação da montagem, mas com um resultado visual mais do que eficiente. Essa concepção de cinema beirando o artesanal de Pires é uma lição de inventividade em tempos que se defende que produções do gênero dependem de grandes quantias para se efetivarem.

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