sexta-feira, julho 15, 2011

Cuidado, Madame, de Julio Bressane **1/2



Assim como “A Família do Barulho”, “Cuidado, Madame” (1970) é mais uma extensão dos experimentos cinematográficos radicais de Julio Bressane nos tempos da produtora Belair. A trama é claramente alegórica, ao focar a rotina de uma doméstica que assassina suas patroas megeras e dondocas. É óbvio que se tratando de uma produção da linha do cinema marginal, nada é muito linear e claro. O filme explora bastante a violência, mas de uma forma quase cartunesca, valorizando mais os detalhes visuais dos atos brutais da protagonista. Nesse sentido, Bressane revela uma espécie de sintonia estética com Godard e Tarantino. No geral, entretanto, é uma obra bastante irregular na forma enigmática com que Bressane joga as suas obsessões formais e temáticas na tela.

Um comentário:

Anônimo disse...

Assistir Cuidado Madame é um verdadeiro suplício, ainda assim pretendo manter o arquivo em minha coleção tão somente pelo valôr histórico , devido às locações no RJ em 1970 ,
Já vi amadores se comportarem melhor com a câmera na mão do que Edison Santos (operador de câmera segundo os créditos).
Há uma cena noturna em que é feito um zoom da lua , na qual causa vertigem ao espectador devido à tremedeira de mão do operador.
Será que não possuiam um tripé para fazer uma tomada estável ?
Se já não bastasse a lua em seguida a fórmula é repetida com uma luminária de rua !
Acho que somente o Julio Bressane sabe o que quis dizer com isto , talvez nada : algumas cenas como esta poderiam muito bem terem sido eliminadas, a impressão que me passa é que filmaram alguma metragem para testar as câmeras e para aumentarem o tempo de duração , resolveram utilizar tais tomadas.
Assim como várias pornochanchadas brasileiras , feitas com o orçamento apertado , a trilha sonora é inexistente. Longas cenas estáticas tendo como som de fundo os chiados e estalos denunciando o mal estado de conservação da cópia.
Na falta de uma trilha composta para o filme , utilizaram um “catado” de músicas as quais uma não tem nada que ver com a outra.
Uma câmera na mão e quase nenhuma idéia na cabeça é a impressão que passa esta descuidada obra de Bressane.