Há algumas coisas em “X-Men – Primeira Classe” (2011) que realmente incomodam. A principal delas é a tendência em algumas tomadas para uma encenação que parece um teatrinho infantil. Mas isso é típico da dificuldade de transpor os quadrinhos para as telas. Às vezes o que cai bem no gibi pode ficar meio ridículo no cinema. Tirando esses pequenos detalhes e se concentrando no essencial, entretanto, essa nova incursão cinematográfica do grupo de heróis mutantes é a experiência mais bem sucedida da linha Marvel nessa mídia. Para começar, a densidade dramática obtida pelo diretor Matthew Vaughn é digna de dos melhores momentos do X-Men nos comics, o que revela conhecimento de causa do cineasta no saber extrair o melhor dos personagens (qualidade, aliás, que ele já havia demonstrado no sensacional “Kick Ass”). A trama explora sabiamente elementos importantes da mítica dos mutantes, tanto na caracterização dos personagens como em elementos importantes da história dos mesmos (até mesmo o erotismo subentendido típico de algumas fêmeas fatais mutantes está lá). Também colaboram nesse sentido interpretações consistentes do trio principal da trama – James Mc Avoy (Charles Xavier), Michael Fassbender (Magneto) e Kevin Bacon (Sebastian Shaw) – que dão um estofo dramático atípico em produções do gênero. E num filme de super-heróis, é claro que não dá para esquecer da aventura, e no quesito ação, “X-Men: Primeira Classe” também se mostra acima da média. As sequências de lutas e efeitos especiais têm uma clareza e um detalhamento notáveis que passam longe daquela mediocridade de câmera tremendo e confusão visual que transformam tudo em um grande borrão ou um grande jogo de vídeo game (o que parece que virou regra atualmente).
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