Tentar escrever sobre “Quebrando o Tabu” (2011) sob um prima exclusivamente cinematográfico pode ser um ato incompleto, no sentido de que a intenção do filme é muito mais evidenciar o seu tema do que ressaltar suas possíveis qualidades formais como produto audiovisual. O diretor Fernando Grostein Andrade até apresenta algumas soluções narrativas atraentes, principalmente na seqüência de abertura, em que utiliza recursos de animação para ilustrar a história do fascínio da humanidade pelas drogas. Além disso, há momentos em que ele consegue capturar com crueza depoimentos bastante contundentes sobre o assunto, principalmente quando o médico Dráuzio Varella entra em cena e dispara sua perplexidade e raiva contra hipocrisia que ronda a questão da descriminalização do uso de determinadas substâncias ilícitas. No geral, entretanto, predomina no documentário um certo tom cerimonioso, quase de um filme institucional sobre o tema. A trilha sonora melosa e inconveniente (sério, seria muito melhor em algumas seqüências que não tivesse música alguma!) acentua ainda mais essa impressão de obra-propaganda. Por outro lado, é de se convir que a abordagem sobre a matéria é até bastante ousada e pouco preconceituosa na forma franca com que lida com pontos tão polêmicos, ainda mais que a mídia geralmente apresente uma tendência conservadora quando trata da questão. Assim, se “Quebrando o Tabu” pouco impressiona como cinema, acaba se redimindo pela lucidez de seu aspecto sociológico.
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