Poucas vezes cinema e teatro se combinaram de forma tão coesa quanto em “Macbeth – Reinado de Sangue” (1948). Talvez a causa disso esteja no fato de que nas concepções barrocas de Orson Welles a linguagem shakesperiana faça totalmente sentido. Welles sempre foi uma espécie de antinaturalista do cinema, mesmo quando as tramas de seus filmes trouxessem algo de linear ou com apego a realidade. Para ele, sempre foi mais decisivo o jogo de luzes e sombras, os enquadramentos cheios de nuances, a montagem que esmiúça a ação de forma pouco convencional. Nesta sua versão para o clássico de Shakespeare, todas essas características cinematográficas estão intactas, e realçam ainda mais o sombrio drama do personagem-título. O gosto de Welles pela manipulação de cenários artificiais encontra uma das suas expressões máximas nas reconstituições de florestas e castelos – estes últimos, parecem muito mais cavernas distorcidas vindas de algum pesadelo (nesse sentido, fica evidente a clara influência do expressionismo alemão na obra de Welles). E mesmo os diálogos carregados de empostação teatral acabam adquirindo uma naturalidade espantosa na encenação do cineasta, estando em perfeita sintonia com a atmosfera de conto de horror proposta pelo filme
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