segunda-feira, julho 25, 2011

Schock, de Mario Bava ****



Dentro da tradicional combinação do subgênero de filmes de horror de casas mal assombradas com tramas cheias de segredos, “Schock” (1977) acaba surpreendendo justamente naquilo que tem de mais particular – o detalhismo visual e narrativo de Mario Bava. O diretor aproveita cada cena para inserir diversos elementos imagéticos insólitos, explorando de forma bastante imaginativa um universo que se divide entre o delírio e o puro terror sobrenatural. Isso se reflete também na forma barroca com que Bava trabalha os contrastes visuais entre claro e escuro, além de trucagens impactantes, como estiletes que flutuam e braços que saem do chão e das paredes. Em tal concepção cinematográfica, a técnica não é um ente separado do lado temático – a primeira ajuda a dar sentido para a trama do filme, que vai se revelando cada vez mais sórdida e obscura, envolvendo seus personagens num vórtice de culpa e loucura. E em termos temáticos, “Schock” se revela até mais ousado do que aquilo que costumamos ver recentemente na linha terror/suspense – Bava torna a ambientação da obra cada vez mais opressiva e angustiante, não vislumbrando uma dicotomia tão clara entre o bem e o mal e também nem uma solução fácil de final feliz para os seus personagens.

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