Era para ser uma refilmagem do seriado policial oitentista.
No final das contas, “Anjos da lei” (2012) acaba ganhando outra conotação.
Se a série original tinha um viés dramático, a recriação recente envereda pela
comédia. Essa veia irônica não se limita a fazer uma tiração de sarro dos
clichês do gênero policial (coisa que faz com competência, por sinal). O fato
da trama ter por premissa jovens policiais que se infiltram em uma escola
secundária para desbaratar uma rede de tráfico de drogas faz com que o filme
também traga uma ácida visão da juventude contemporânea, dominada por uma certa
apatia e a alienação do politicamente correto. Mesmo os estereótipos das
comédias adolescentes dos anos 80 e 90, centradas no conflito entre os atletas
e os nerds, acabam recebendo um olhar entre o nostálgico e o gozador, até
porque atualmente parece que o comportamento nerd se tornou mais predominante
entre os adolescentes. Os méritos de “Anjos da lei”, entretando, não se limitam
ao seu lado crítico-cômico. Os diretores Phil Lord e Chris Miller conseguem
criar uma narrativa de ação convincente nos seus tiroteios e perseguições
automobilísticas, com uma dose de violência escatológica até surpreendente. No
mais, Jonah Hill mantém o seu habitual padrão de interpretação carismática no
estilo “gordinho simpático”, mas quem causa surpresa é o habitual canastrão
Channing Tatum, em uma interpretação que tira onda com sua própria condição de
galã.
Nenhum comentário:
Postar um comentário