quinta-feira, julho 05, 2012

Armadilha para turistas, de David Schmoeller ****


Um olhar comparativo que se faça para “Armadilha para turistas” (1979), procurando estabelecer uma relação com contemporâneas produções B de horror, causa evidentes surpresas. Talvez a maior dela é observar como um filme de gênero e de baixo orçamento de um diretor iniciante possa trazer elementos tão sofisticados. A começar pela trilha sonora de Pino Donaggio, em temas instrumentais de sutileza e beleza exasperantes que dão um toque que beira o gótico às originais atmosferas de suspense engedradas pelo diretor David Schmoeller. O roteiro revela até uma certa reciclagem típica do terror setentista: jovens urbanos, passeando pelo interior, que são aterrorizados por um psicótico caipira, poderes telecinéticos acionados por traumas (como não se lembrar de “Carrie, a estranha”?). Ainda assim, tais clichês temáticos recebem um tratamento estético rigoroso, com momentos de notável beleza visual. Schmoeller utiliza elementos simples (uma casa velha e escura, manequins, uma mata densa) para criar uma narrativa sufocante em termos de suspense e violência. O uso de trucagens simples e de tons quase artesanais não soa datado e resguarda boa parte do impacto imagético de tais efeitos. No geral, “Armadilha para turistas”, na tradição do melhor do cinema B norte-americano, confirma a tradição da capacidade dos filmes de gênero em trazerem uma série de ousadias formais e narrativas, bem mais criativas, aliás, do que produções ditas “sérias” e “artísticas”.

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