Uma das obras mais recentes do diretor norte-americano
Stuart Gordon, “Em rota de colisão” (2007) é
surpreendente, até mesmo porque o seu roteiro, inspirado em um caso verídico,
foge da área do fantástico, território habitual do diretor. Em certo sentido,
talvez seja a obra de Gordon que mais se aproxima de um conceito de temática
social, ainda que não de forma explícita. O protagonista
Thomas (Stephen Rea), um desempregado azarado, parece uma espécie de síntese do
americano médio afetado pela recessão econômica. Já Brandi (Mena Suvari) é o
retrato do arrivismo e individualismo tão em voga na sociedade moderna. O
encontro entre os dois personagens tão distintos se dá de forma insólita e
brutal: Brandi, embriagada depois de uma farra, atropela Thomas, fica com ele
preso na janela do carro e se recusa a ajudá-lo com medo de ser presa e perder
a sua promoção no emprego, mantendo o pobre coitado preso dentro de sua garagem.
A partir dessa premissa, Gordon explora a tensão com minúcias, tanto pela
situação angustiante proposta pela trama quanto pela violência de algumas
cenas. O diretor não esquece de pontuar o filme com toques de humor negro, com
a obra adquirindo uma atmosfera de uma parábola moral perversa. E esse é justamente
um dos pontos mais perturbadores de “Em rota
de colisão”: a forma com que o filme oscila naturalmente entre o thriller e a
comédia de erros. Além disso, conta a favor da produção dos dois personagens
principais serem bem trabalhados na sua caracterização psicológica – chega a
impressionar, por exemplo, a progressiva degradação moral e mental de Brandi.
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