sexta-feira, julho 20, 2012

Em rota de colisão, de Stuart Gordon ***1/2


Uma das obras mais recentes do diretor norte-americano Stuart Gordon, “Em rota de colisão” (2007) é surpreendente, até mesmo porque o seu roteiro, inspirado em um caso verídico, foge da área do fantástico, território habitual do diretor. Em certo sentido, talvez seja a obra de Gordon que mais se aproxima de um conceito de temática social, ainda que não de forma explícita. O protagonista Thomas (Stephen Rea), um desempregado azarado, parece uma espécie de síntese do americano médio afetado pela recessão econômica. Já Brandi (Mena Suvari) é o retrato do arrivismo e individualismo tão em voga na sociedade moderna. O encontro entre os dois personagens tão distintos se dá de forma insólita e brutal: Brandi, embriagada depois de uma farra, atropela Thomas, fica com ele preso na janela do carro e se recusa a ajudá-lo com medo de ser presa e perder a sua promoção no emprego, mantendo o pobre coitado preso dentro de sua garagem. A partir dessa premissa, Gordon explora a tensão com minúcias, tanto pela situação angustiante proposta pela trama quanto pela violência de algumas cenas. O diretor não esquece de pontuar o filme com toques de humor negro, com a obra adquirindo uma atmosfera de uma parábola moral perversa. E esse é justamente um dos pontos mais perturbadores de “Em rota de colisão”: a forma com que o filme oscila naturalmente entre o thriller e a comédia de erros. Além disso, conta a favor da produção dos dois personagens principais serem bem trabalhados na sua caracterização psicológica – chega a impressionar, por exemplo, a progressiva degradação moral e mental de Brandi.

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