Aqueles que forem assistir a “Sete dias com Marilyn” (2011)
achando que tal filme possa ajudar a esclarecer algum mistério ou pelo menos
entender melhor o mito Marilyn Monroe provavelmente irão se decepcionar. O
roteiro se foca muito mais na visão do protagonista
Colin Clark (Eddie Reymayne), um jovem faz-tudo do estúdio inglês em que a
estrela participa da realização de “O príncipe encantado” (1957), e no breve e
quase pudico caso que teve com Marilyn no espaço de uma semana. É claro que em alguns
momentos da trama se pode perceber alguns traços da complexidade da
personalidade de Marilyn e do contexto que a envolvia, vislumbrando um pouco da
tragédia de sua precoce morte. O que prevalece, entretanto, é uma abordagem
mais romântica, do tipo “história de amor impossível”. Se por um lado esse viés
pode ser frustrante, por outro ele propicia uma interessante viagem estética da
produção, ao propor uma recriação de caráter mítico de Monroe e do seu mundo,
tanto em termos formais quanto temáticos. A direção de arte e a fotografia
ajudam a compor uma narrativa de atmosfera luminosa, quase evocando algo como
um universo paralelo. Alguns detalhes do roteiro certamente farão a alegria dos
cinéfilos interessados por histórias de bastidores reveladoras como a impaciência
de Laurence Olivier (Kenneth Branagh) com os esquecimentos de texto por parte
de Marilyn, o ciúme velado de Vivian Leigh (Julia Ormond) em relação à atenção
oferecida para Marilyn, as crises temperamentais dessa última. Mas o grande
trunfo do filme realmente é a interpretação sanguínea de Michelle Williams no
papel de Marilyn, que apenas com alguns gestos e olhares consegue evocar com
verossimilhança impressionante o impacto sensorial que uma figura como Monroe
causava por todo o planeta.
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