segunda-feira, julho 02, 2012

Sete dias com Marilyn, de Simon Curtis ***


Aqueles que forem assistir a “Sete dias com Marilyn” (2011) achando que tal filme possa ajudar a esclarecer algum mistério ou pelo menos entender melhor o mito Marilyn Monroe provavelmente irão se decepcionar. O roteiro se foca muito mais na visão do protagonista Colin Clark (Eddie Reymayne), um jovem faz-tudo do estúdio inglês em que a estrela participa da realização de “O príncipe encantado” (1957), e no breve e quase pudico caso que teve com Marilyn no espaço de uma semana. É claro que em alguns momentos da trama se pode perceber alguns traços da complexidade da personalidade de Marilyn e do contexto que a envolvia, vislumbrando um pouco da tragédia de sua precoce morte. O que prevalece, entretanto, é uma abordagem mais romântica, do tipo “história de amor impossível”. Se por um lado esse viés pode ser frustrante, por outro ele propicia uma interessante viagem estética da produção, ao propor uma recriação de caráter mítico de Monroe e do seu mundo, tanto em termos formais quanto temáticos. A direção de arte e a fotografia ajudam a compor uma narrativa de atmosfera luminosa, quase evocando algo como um universo paralelo. Alguns detalhes do roteiro certamente farão a alegria dos cinéfilos interessados por histórias de bastidores reveladoras como a impaciência de Laurence Olivier (Kenneth Branagh) com os esquecimentos de texto por parte de Marilyn, o ciúme velado de Vivian Leigh (Julia Ormond) em relação à atenção oferecida para Marilyn, as crises temperamentais dessa última. Mas o grande trunfo do filme realmente é a interpretação sanguínea de Michelle Williams no papel de Marilyn, que apenas com alguns gestos e olhares consegue evocar com verossimilhança impressionante o impacto sensorial que uma figura como Monroe causava por todo o planeta.

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