Novamente se afastando da sua vertente cinematográfica
habitual, o horror, o diretor Stuart Gordon se aventura pela seara do thriller
de suspense em “Tratamento de choque” (2003), remetendo a trabalhos dos irmãos
Coen naquela linha de revisão do cinema noir. Se nesse gênero Gordon não tem a
mesma categoria formal dos referidos Coen, também não dá para dizer que
realizou uma obra desprovida de interesse. Mesmo trabalhando dentro de uma
infra-estrutura mais modesta e com atores de segundo escalão para baixo, ele
consegue manter em boa parte da narrativa uma atmosfera tensa e sórdida. Há um
equilíbrio bem delimitado entre os momentos de suspense e as econômicas, mas
brutais, explosões de violência. O roteiro é coerente e não abre muitas concessões
dentro da lógica do cinema noir, não oferecendo muitas opções de redenção para
o protagonista, um pobre diabo que por grana se
mete numa roubada que piora progressivamente. No geral, “Tratamento de choque”,
ainda que esteja longe de ser um clássico ou obra-prima, consegue ao menos se
mostrar digno dentro da tradição do gênero que homenageia.
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