quinta-feira, julho 19, 2012

O porto, de Aki Kaurismäki ***


Com maior ou menor inspiração, o diretor finlandês Aki Kaurismäki sempre exerce o seu peculiar estilo formal, em que uma abordagem aparentemente distanciada no filmar acaba servindo como registro para uma trama de caráter mais emocional. O choque entre a estética do cineasta e a sua temática habitual acaba sendo a força motriz de seu cinema. Na produção francesa “O porto” (2011), Kaurismäki continua a investir nas suas particularidades criativas. A trama do filme tem um forte caráter social, focando questões prementes no mundo moderno, como a crise econômica na Europa e o constante crescimento de medidas xenofóbicas no velho continente. Aliado a isso, há traços do gênero melodrama, principalmente quando o roteiro dá vez ao drama da personagem esposa do protagonista que está desenganada  pelos médicos. Kaurismäki, entretanto, evita o sentimentalismo excessivo, ainda que o desenrolar da narrativa acabe convertendo “O porto” em uma espécie de fábula moral. Dá para dizer que a história acaba encontrando soluções mágicas e fáceis em sua conclusão: o policial que ajuda o pequeno imigrante a partir para a Inglaterra, a cura quase milagrosa de referida personagem doente. Tais “concessões”, contudo, mais acentuam a estranheza do filme do que o tornam um produto mais palatável.

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