O território habitual do diretor David Schmoeller fica
encravado numa área entre o suspense e o horror. Assim, pode-se perceber uma
clara falta de traquejo quando envereda pelo drama em “Pequenos monstros”
(2012), ainda mais com um roteiro inspirado em fatos reais. Em um primeiro
momento, a narrativa parece buscar um registro distanciado, evocando até mesmo
um tom documental em sua abordagem. Schmoeller foca em uma visão crítica da
sociedade contemporânea, principalmente em relação à forma com que a questão da
criminalidade é encarada. Os jovens James e Carl, que praticaram um homicídio
quando crianças de forma quase fortuita, regressam à vida em comunidade e
buscam uma existência normal e meio ao preconceito natural despertado pelo ato
que cometeram na infância. O acabamento formal de “Pequenos monstros” apresenta
um certo rigor estético na sobriedade da direção de fotografia e na sua edição,
mas a narrativa é um tanto truncada, o que se acentua pela forma superficial em
que situações e personagens são caracterizados. Schmoeller, a uma determinada
altura da trama, parece se enfadar desta inércia e envereda para o suspense
propriamente dito, onde até acaba obtendo resultados melhores, ainda que tal
opção seja pouco coerente com a proposta inicial do filme. Assim, no contexto
geral, “Pequenos monstros” é até uma obra interessante dentro do panorama do
cinema independente norte-americano, mas também é frustrante quando se olha o
respeitável e expressivo currículo de Schmoeller como cineasta.
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