quarta-feira, novembro 14, 2012

As bem amadas, de Christophe Honoré ***


O cinema francês das décadas de 50 e 50, mais precisamente a Nouvelle Vague e os musicais de Jacques Demy, continuam a ser os principais referenciais do imaginário cinematográfico do diretor Christophe Honoré. Isso fica bem evidente em sua obra mais recente, “As bem amadas” (2011). Para não deixar dúvida quanto às suas intenções, o cineasta inicia a trama do filme na Paris dos anos 60. A partir daí, recicla algumas idéias já exploradas em algumas de suas produções anteriores (“Em Paris”, “Canções de amor”): roteiro recheado de elementos existencialistas, abordagem anti-naturalista ao evocar a estrutura de musicais, interpretações um tanto blasé de seu elenco (nesse sentido, a presença da icônica Catherine Deneuve reforça o lado revivalista do cinema do diretor). É fato que a produção não tem a mesma fluidez narrativa de obras mais antigas de Honoré. Mesmo assim, é inegável o poder de sedução de algumas insólitas soluções formais do diretor – afinal, a densidade dramática de algumas cenas se mostram em descompasso com os recursos típicos do gênero musical, tendo um efeito desconcertante para o espectador. Assim, mesmo estando distante do melhor do seu criador, “As bem amadas” reforça o padrão autoral da cinematografia de Honoré.

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