O cinema francês das décadas de 50 e 50, mais precisamente a
Nouvelle Vague e os musicais de Jacques Demy, continuam a ser os principais
referenciais do imaginário cinematográfico do diretor Christophe Honoré. Isso
fica bem evidente em sua obra mais recente, “As bem amadas” (2011). Para não
deixar dúvida quanto às suas intenções, o cineasta inicia a trama do filme na Paris
dos anos 60. A partir daí, recicla algumas idéias já exploradas em algumas de
suas produções anteriores (“Em Paris”, “Canções de amor”): roteiro recheado de
elementos existencialistas, abordagem anti-naturalista ao evocar a estrutura de
musicais, interpretações um tanto blasé de seu elenco (nesse sentido, a
presença da icônica Catherine Deneuve reforça o lado revivalista do cinema do
diretor). É fato que a produção não tem a mesma fluidez narrativa de obras mais
antigas de Honoré. Mesmo assim, é inegável o poder de sedução de algumas insólitas
soluções formais do diretor – afinal, a densidade dramática de algumas cenas se
mostram em descompasso com os recursos típicos do gênero musical, tendo um efeito
desconcertante para o espectador. Assim, mesmo estando distante do melhor do
seu criador, “As bem amadas” reforça o padrão autoral da cinematografia de
Honoré.
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