Quando um filme apresenta um viés formal mais cru, com uma
temática enfocando questões sociais e cotidianas, acaba sendo inevitável que se
evoque a escola neo-realista italiana, a mais emblemática no que diz respeito a
esse tipo de produção. É claro que retomar uma comparação como essa para “Perro
muerto” (2010), obra de um cineasta iniciante, pode ser soar injusta ou
exagerada. O filme do diretor Camilo Becerra retrata a rotina repleta de
dificuldades financeiras e emocionais de uma mãe solteira, principalmente no
que diz respeito a conseguir uma residência fixa para ela e seu filho. É claro
que o filme impressiona em alguns momentos pelo tom áspero de sua narrativa,
tendo um acabamento estético razoável no que diz respeito a elementos como
fotografia e edição. Falta, entretanto, mais estofo dramático e uma maior
ousadia formal para que “Perro muerto” transcenda e consiga se fixar no imaginário
do espectador. E é nesse ponto que, ao menos para este que escreve este breve
texto, a lembrança de nomes como Roberto Rosselini e Vittorio de Sica, mestres
em extrair grandeza a partir de uma linguagem naturalista, vem à tona de forma
quase involuntária.
Um comentário:
Assisti esses tempos na Usina. Recomendo bastante, alias, é bom esses filmes Chilenos virem para cá.
Postar um comentário