quinta-feira, novembro 22, 2012

O gato do rabino, de Joann Sfar ***1/2


Se em “Gainsbourg – O homem que amava as mulheres” (2010) o diretor Joann Sfar já havia mostrado considerável talento cinematográfico, na animação “O gato do rabino” (2010), adaptação para a tela grande de uma HQ de sua autoria, ele confirma tal impressão. A história do bichano que engole um papagaio e passar a falar tem um tom fabular, e envereda por direções ainda mais complexas. O que Sfar propõe é uma narrativa plena de simbolismos e ironia, em que referências históricas, filosóficas e religiosas pontuam o caráter lúdico da trama. O traço de Sfar é fortemente estilizado, apresentando um grafismo que oscila entre o sensual e o delirante, mostrando-se em sintonia com o roteiro que traz uma gama de elementos insólitos: erotismo, violência, sincretismo/conflito religioso (principalmente na aparente contradição entre judaísmo e islamismo). Mais do que simplesmente contar uma história, o que Sfar instiga é uma obra de acentuado cunho sensorial, em que a busca por soluções fáceis morais e mesmo formais acaba sendo infrutífera. O que vale em “O gato do rabino” é se deixar levar pelo inebriante conjunto de imagens e sons que brota da tela.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Se não for indicado ao Oscar de melhor longa de animação será injusto.