Se fosse para tentar definir “Sudoeste” a grosso modo em
algumas palavras, daria para dizer que seria algo como “David Lynch encontra o
regionalismo brasileiro”. É claro que a definição é imprecisa, mas a obra de
Eduardo Nunes impressiona justamente ao buscar uma narrativa delirante em meio
a um cenário agreste e interiorano, conseguindo um resultado bastante orgânico
e envolvente. A longo da trama, pequenos detalhes da história servem como um
esqueleto para que imagens e sons construam um sentido insólito, mas que
adquire aos poucos uma estranha coerência. Os padrões temporais se confundem e dissolvem
a linearidade – uma protagonista que é
criança, mas que em um piscar de olhos se converte em adulta e numa caminhada
por uma estrada atinge a velhice. Mas que também com um breve sono pode voltar à infância. Com o foco narrativo concentrado numa personagem que reúne mãe e
filha na mesma figura, mas que também se dividem em duas, até um ponto que se
possa ter um fragmento da verdade. Tudo isso para que o presente possa sugerir
o que tenha acontecido no passado e quem sabe até corrigir algo. Na verdade,
nada fica muito claro em “Sudoeste”, mas também nem é tão necessário que isso
ocorra. A direção fotografia de movimentos lentos e expressivos e o jogo de
montagem que estabelece o elemento fantástico da produção de acordo com sutis
truques de edição formam um conjunto formal em perfeita sintonia com a temática
de tons simbolistas do filme.
Um comentário:
Só pelo que foi dito no inicio do texto me desejou querer ver o filme.
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