Como já dito no post anterior, o personagem principal nos filmes de Jean-Luc Godard é o próprio cinema. Em “Uma Mulher é Uma Mulher”, tal característica fica evidente na extraordinária manipulação da faixa sonora. Fatos e diálogos corriqueiros são marcados por intervenções musicais bombásticas, além de que em determinadas seqüências a trilha aparece ou é cortada de forma abrupta. Godard faz questão de explicitar que o seu cinema não é comprometido com encenações naturalistas e nem se acondiciona a gêneros específicos. A trama básica, a princípio dramática (stripper que deseja ter um filho do namorado), recebe um tratamento irônico e distanciado, formatando-se quase como uma distorção de comédia romântica com toques de musical. A desconstrução formal de Godard, entretanto, não cai no mero experimentalismo gratuito. “Uma Mulher é Uma Mulher” apresenta uma narrativa leve e lúdica, com Godard fazendo da sua estética um exercício libertador para o olhar.
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