É inegável que emana de “Flor do Deserto” (2009) um certo ar de filme institucional. A obra narra a trajetória da modelo internacional Waris Dirie, que fugiu do seu país, a Somália, para Londres e lá foi descoberta, depois de alguns percalços pessoais, por um prestigiado fotógrafo de moda. Tendo mutilado o seu clitóris quando criança, devido a um bárbaro ritual cultural, Waris se tornou uma espécie de embaixadora da ONU a fazer campanha contra tal prática. Com essa linha de argumento, “Flor do Deserto” apresenta uma linha narrativa tradicional e pouco ousada (até porque essa não era a intenção dos seus produtores). Mesmo dentro desse formalismo simples, entretanto, é uma produção que pode interessar os apreciadores de cinema em geral. A direção de fotografia apresenta em algumas sequências deslumbrantes dos desertos da Somália, aproveitando muito bem as possibilidades da iluminação diferenciada do local. Além disso, a diretora Sherry Horman dá uma certa dimensão épica e aventuresca para a vida de sua protagonista, com passado e presente se alternando sem sobressaltos, o que inegavelmente prende de forma razoável a atenção do espectador. Horman também contou com interpretações carismáticas de atores britânicos diferenciados como Sally Hawkins e Timothy Spall. Assim, mesmo longe do inesquecível, “Flor do Deserto” consegue ir um pouco além do seu destino prévio de mero veículo de mensagem político-social.
Um comentário:
Apesar de suas falhas evidentes, eu adorei esse filme-denúncia. Não adianta: eu nunca vou entender certas culturas e seus costumes!
Cultura na web:
http://culturaexmachina.blogspot.com
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