sexta-feira, julho 22, 2011

Manôushe, de Luiz Begazo **1/2



Talvez boa parte da interesse que vem de “Manôushe” (1992) seja o seu contexto histórico. Afinal, não é muito freqüente assistir no cinema nacional a uma obra que traga uma junção tão insólita de elementos diversos e estranhos. Situada em uma época algo imprecisa, a trama do filme traz cenas de danças flamencas, tipos grotescos, direção de arte estilizada que recria um ambiente de fábulas (obviamente, “A Lenda” de Ridley Scott parece ser uma influência que permeia toda a produção), diálogos com um dialeto totalmente inventado. A encenação de referências pouco ortodoxas como essas parece emular influências de Fellini, trazendo uma narrativa simbólica e delirante que pode assustar aqueles que estão habituados com a linguagem naturalista de boa parte da filmografia nacional recente. É certo que em alguns momentos o excesso de esquisitices do filme acaba cansando pela repetição, além do diretor Luiz Begazo não ter a mesma fluência para lidar com o picaresco fantástico que Fellini tinha. Mesmo assim, “Manôushe” acaba sendo uma experiência curiosa pela atmosfera atemporal e onírica que envolve a história.

Um comentário:

Paulo Vieira disse...

Esse filme foi considerado perdido