Tentar reduzir a explicação do sucesso de “Os Vingadores” (2012)
ao mero fato da máquina publicitária que o filme tem ao seu dispor seria, no mínimo,
impreciso. Afinal, há fortes méritos artísticos que contribuem para o seu bem
sucedido resultado final. Para começar, foi um grande acerto a escalação de
Joss Whedon como diretor da produção. Whedon tem larga experiência como criador
e realizador de boas séries televisivas no gênero aventura escapista, além de
ser considerado um roteirista de grande prestígio nos quadrinhos (é o escritor,
por exemplo, da sensacional “Astonishing X-Men”). Ou seja, dá para dizer que o
cara entende do riscado em termos de super-heróis. Isso fica evidente em “Os
Vingadores” quando vemos, por exemplo, a boa caracterização visual e psicológica
de alguns dos principais personagens, principalmente na representação icônica
de Thor e Capitão América, isso sem contar que o Hulk é muito mais brutal e
carismático do que nos filmes solos que teve anteriormente. Whedon também teve
uma ótima sacada na trama do filme ao pegar elementos da série “Os Supremos” (os
Vingadores de uma realidade alternativa), tendo em vista que a referida revista
traz as mais eletrizantes e bem escritas aventuras recentes do grupo de heróis
em questão. É de se destacar também a eficiente concepção visual e narrativa,
em que as trucagens e a direção das sequências de ação conseguem oferecer um
todo dinâmico e que capta com considerável fidelidade boa parte da essência das
HQs. No geral, “Os Vingadores” demonstra um bom equilíbrio na tarefa de
equacionar uma devida sintonia com a mídia original e a capacidade de cativar
um público leigo em termos de “comics”, fazendo com que uma possível continuação
não seja uma mera hipótese oportunista (aliás, a cena dos créditos finais contendo
a aparição de Thanos evidencia a gama de possibilidades criativas que se pode
explorar dentro da franquia).
2 comentários:
É um filmaço! Qualquer coisa que eu diga contra o filme, serei execrado. Mas gostaria muito que Hollywood saísse desse mundo HQ. A sétima arte pode - e deve - ser mais do que isso.
Dá para dizer que o cinema e os quadrinhos surgiram quase que ao mesmo tempo, sendo que sempre se influenciaram de forma recíproca. Assim, não é novidade essa disposição em adaptar para o cinema os quadrinhos. Assim, não vejo por quê deixar de usar as HQs como matéria prima para filmes. É tão legítimo quanto usar roteiros originais ou literários.
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