terça-feira, novembro 27, 2012

Perro muerto, de Camilo Becerra **


Quando um filme apresenta um viés formal mais cru, com uma temática enfocando questões sociais e cotidianas, acaba sendo inevitável que se evoque a escola neo-realista italiana, a mais emblemática no que diz respeito a esse tipo de produção. É claro que retomar uma comparação como essa para “Perro muerto” (2010), obra de um cineasta iniciante, pode ser soar injusta ou exagerada. O filme do diretor Camilo Becerra retrata a rotina repleta de dificuldades financeiras e emocionais de uma mãe solteira, principalmente no que diz respeito a conseguir uma residência fixa para ela e seu filho. É claro que o filme impressiona em alguns momentos pelo tom áspero de sua narrativa, tendo um acabamento estético razoável no que diz respeito a elementos como fotografia e edição. Falta, entretanto, mais estofo dramático e uma maior ousadia formal para que “Perro muerto” transcenda e consiga se fixar no imaginário do espectador. E é nesse ponto que, ao menos para este que escreve este breve texto, a lembrança de nomes como Roberto Rosselini e Vittorio de Sica, mestres em extrair grandeza a partir de uma linguagem naturalista, vem à tona de forma quase involuntária.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Assisti esses tempos na Usina. Recomendo bastante, alias, é bom esses filmes Chilenos virem para cá.