sexta-feira, julho 12, 2013

Adeus, minha rainha, de Benoit Jacquot ***1/2


É claro que numa produção que tem como temática os últimos dias de reinado de Luís XVI e Maria Antonieta o cuidado com direção de arte, reconstituição de época e figurino seria esmerado. Em “Adeus, minha rainha” (2011) isso é evidente em cada fotograma. Mas o requinte visual não é a tônica principal do filme. O que torna a obra do diretor Benoit Jacquot acima da média no gênero filme de época é uma perturbadora atmosfera de decadência e melancolia que impregna de forma constante a trama. Se a platéia sente encanto visual pela suntuosidade dos palácios e pela beleza da rainha e das damas de sua corte, além da aura de hedonismo proveniente de banquetes e jogos amorosos, por outro lado também se angustia por aquele clima de uma época que está se desintegrando de maneira inexorável. A extraordinária direção de fotografia oferece a complementação pictórica exata para as intenções do filme, tanto nos seus enquadramentos emulando quadros quanto na iluminação que privilegia um tom sombrio entre o amarelo e o laranja. Quando a luz natural vez e outra pontifica, é um alívio para o pesadelo sensorial no qual personagens (e público) estão imersos. Talvez não seja a obra definitiva sobre o episódio histórico em questão (é provável que essa honra caiba à obra-prima “Casanova e a revolução”, de Ettore Scola), mas “Adeus, minha rainha” é um dos retratos cinematográficos mais contundentes a tratar do assunto.

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