quarta-feira, julho 31, 2013

The Dead Brothers - A morte não é o fim, de M.A. Littler ****


A música da banda Dead Brothers é de difícil classificação. Pode-se dizer que parte do revisionismo rocker dos Cramps e envereda pelo blues e folk estilizados na linha Tom Waits, por uma certa ambientação jazzy e por uma série de referências culturais étnicas, resultando numa identidade musical genuína e fora dos padrões. Não à toa, faziam parte do cast do esquisitão selo Voodoo Rhythm. M.A. Littler, que já havia trabalhado com os Brothers no documentário sobre a Voodoo, resolveu fazer um registro sobre a trajetória da banda, o que resultou em “The Dead Brothers – A morte não é o fim” (2006). O diretor alemão, entretanto, não concebeu apenas um documentário de caráter meramente informativo – seu enfoque busca muito mais o sensorial. Sua intenção foi traduzir as particulares nuances das canções dos Brothers numa narrativa misteriosa e repleta de simbologias. Quando o filme se concentra no aspecto biográfico, também foge do habitual, muito pela própria natureza da banda. Apesar dos Dead Brothers serem estabelecidos na Suíça, seus três integrantes possuem origens diversas: um deles é descendente de armênios fugidos de seu país de origem, outro é praticamente um peregrino neozelandês e há também um inglês de origem indiana. Tal multiculturalidade se reflete na estranha arte dos Brothers, mostrando-se também em sintonia com as obsessões temáticas e estéticas do cinema de Littler. O filme se expande em belíssimos números musicais e em divagações existenciais e memorialistas dos componentes dos Brothers, estabelecendo uma relação cada vez mais intrínseca entre a vida de cada um deles e a sua arte. Talvez o mais fascinante na abordagem de Littler é que ela acentua ainda mais a aura de mistério e mitificação em torno da figura da banda, como se ela fosse sempre capaz de guardar alguma espécie de segredo a nos instigar.

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