sexta-feira, julho 19, 2013

Crazy Horse, de Frederick Wiseman ***1/2


A concepção formal do diretor Frederick Wiseman no documentário “Crazy Horse” (2011) é rigorosa – ao focar no cotidiano do famoso cabaret parisiense, o cineasta não facilita as coisas. Seu registro é objetivo, não se permitindo a narrações explicativas ou a uma trama bem definida. Ele vai focando fatos diversos, passando por ensaios, conversas, gravações, entrevistas com candidatas a dançarinas, atos administrativos. Todos esses momentos, aos poucos, vão compondo um mosaico fascinante. Wiseman não se furta de mostrar o resultado de todo esse processo criativo, filmando com notáveis sensibilidade e paixão as apresentações de números destacados de striptease. O que era projetado para ser uma coreografia a ser apresentada num palco parece ganhar insuspeitos contornos cinematográficos – faz até pensar que foram pensadas inicialmente para o cinema. E talvez esteja aí o grande mote criativo de Wiseman em “Crazy Horse” – sua visão tanto tem uma conotação de distanciamento emocional quanto por vezes se trai e demonstra fascinação com o esfuziante erotismo das danças e dos belos corpos das dançarinas.

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